Há 30 anos, Maradona nos presenteava com o aquecimento mais mágico da história




A Taça Uefa podia não ter o peso de uma Champions, mas era um torneio valorizado décadas atrás. Durante os anos áureos do futebol italiano, os representantes da Serie A dominaram a competição europeia. E o Nápoles protagonizou uma das conquistas mais simbólicas, consumada em 1989. Aquele foi o maior sucesso da equipa celeste além das fronteiras. Escancarou a magia dos napolitanos, derrotando adversários de peso para garantir a taça. A cena mais lembrada daquela campanha, porém, não aconteceu durante os jogos. Ela veio em um aquecimento, no qual Diego Maradona nos brindava com o seu mais puro talento.

Em 19 de abril de 1989, o Nápoles visitava o Bayern de Munique. Os celestes haviam encaminhado sua passagem à final no primeiro jogo, ao derrotarem os bávaros por 2 a 0 no Estádio San Paolo. Ainda assim, a exigência era grande no Estádio Olímpico de Munique, encarando um oponente que vinha de anos notáveis dentro e fora do país. Maradona, contudo, nem parecia se importar. O semblante do camisa 10 era despreocupado, guardando seus olhares apenas à sua amada: a bola. E mesmo diante de uma multidão no estádio, além de dezenas de câmeras, o craque vivia um romance a sós. A maneira como ele tratou a bola naqueles poucos segundos, ritmada pela canção nos alto-falantes, é o melhor exemplo da habilidade genuína de Diego.

A música que ilustra o momento se chama “Live Is Life”, da banda austríaca Opus. Fez sucesso no verão europeu e chegou ao topo das paradas em 1985. De qualquer maneira, se tornou eterna graças a Maradona. A canção possui uma letra um tanto quanto profética, exaltando a “liberação de poder quando todos damos o melhor”. Parecia perfeitamente escrita ao craque, ali, sem aparentar grande esforço para se mostrar o melhor e apresentar a sua habilidade. Ao vivo, sem cortes – e, detalhe, com as chuteiras desatadas. Muita gente pode fazer os mesmos malabarismos? Tudo bem, concordo. Mas nunca fazendo parecer tão fácil, tão leve. Pareciam passos de dança.
Quando o árbitro apitou, o Nápoles não teve problemas em vencer a eliminatória. Por duas vezes esteve à frente no marcador, apesar de ceder o empate por 2 a 2. Careca foi o responsável por ambos os golos da equipa. Maradona, no entanto, também brilhou – mesmo com a arbitragem prejudicando bastante os napolitanos. Colecionou dribles, quase anotou um golaço de falta, teve um tento anulado por fora de jogo. Apanhou muito dos alemães e também bateu. Além disso, foram suas as duas assistências para o eterno parceiro de ataque balançar as redes. A amizade estava afiadíssima naquela época, tanto é que renderia outro Scudetto na temporada seguinte.
Maradona e Careca terminariam campeões daquela Copa da Uefa, derrotando o Stuttgart de Jürgen Klinsmann na decisão.




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